Nos primeiros 30 anos do CLAI - 1978 – 2008
“A chegada do reinado de Deus não está sujeita a cálculos;
nem dirão: Ei-lo aqui! Ei-lo ali! Porque está entre vós. ”
Lucas 17, 20b - 21
Cidade do Panamá, 24 de fevereiro de 2008.
Às Igrejas da América Latina e o Caribe
Queridos irmãos, queridas irmãs!
Paz e Bem!
De 20 a 24 de fevereiro reunimo-nos na cidade de Panamá a fim de realizar a nossa sessão anual de trabalho. Neste pequeno mas lindo país, de três milhões de habitantes, recebemos as calorosas boas-vindas das igrejas membros do CLAI. Panamá se caracteriza por uma forte multiculturalidade e por um índice de expectativa de vida que supera os 70 anos. Além disso, possui a selva tropical mais extensa, fora a Amazônia, e as leis de liberdade de imprensa mais avançadas do continente. Teve um índice de crescimento econômico superior a 10% em 2007 e chama, orgulhosamente, de “territórios revertidos” as zonas militares que, no passado, estavam ocupadas por tropas militares norte-americanas. Entretanto, também fomos testemunhas de que a metade de seus habitantes vive na pobreza e que o Sindicato dos Trabalhadores da Construção luta por garantias para o trabalho e contra o alto custo de vida. Como Junta Diretora do CLAI tivemos a oportunidade de conversar pessoalmente com o Presidente da República, Dr. Martín Torrijos Espino, sobre a evidente contradição existente entre crescimento econômico e a distribuição de riqueza.
Faz exatamente um ano que esta Junta Diretora foi eleita na V Assembléia Geral do CLAI em Buenos Aires. A partir de então trabalhamos juntos com o Secretariado e as Coordenações das diversas regiões e programas de pastoral do Conselho Latino-Americano de Igrejas levando em conta as perguntas, demandas e expectativas provenientes de nossas igrejas, organismos ecumênicos e povos latino-americanos e caribenhos. Obviamente, um capítulo importante foi a transmissão dos mandatos oriundos da V Assembléia Geral: o Ecumenismo, como sustento e sentido para nosso ministério; uma pastoral orientada e articulada a partir dos próprios jovens; a necessidade da elaboração de programas pedagógicos para as crianças, especialmente as indígenas, assim como a ênfase no trabalho da Pastoral da Mulher e dos Povos Indígenas, Negritude e Meio-ambiente. Não foi menor a consideração com as pessoas que sofrem algum tipo de desvantagem; o flagelo do HIV/AIDS e as deploráveis condições de saúde de nossos povos.
Em resposta à pergunta formulada na V Assembléia: “Para onde vai o CLAI?” realizamos um exercício permanente de reflexão bíblico-teológica programática e administrativa num continente sujeito a constantes mudanças. O resultado deste processo nos levou a uma segunda pergunta: Qual é o nosso papel nesta busca de rumo? Foi a partir destas duas perguntas que orientamos nosso trabalho, além de representar o compromisso que temos com nossas igrejas em cada uma de nossas regiões e países em resposta ao mandato que nos foi dado pela Assembléia recentemente realizada. Neste sentido, nosso primeiro ano de trabalho e aprendizagem nos permitiu progredir num processo de análise, ajuste de agendas e visões comuns com nossas igrejas e organismos ecumênicos.
Da mesma forma queremos compartilhar a tristeza que nos causou a apresentação da renúncia do Secretário Geral Israel Batista, junto com outros secretários Regionais e de Programas. Valorizamos profundamente a dedicação e o trabalho realizado por estes irmãos e irmãs. A Junta Diretora elegeu, por unanimidade, como Secretário Geral interino do CLAI, o Rev. Nilton Giese.
Neste tempo de Quaresma, quando nos preparamos para reafirmar-nos na salvação que nos vem por meio da cruz, somos convocados e chamados novamente para trabalhar, com vocação e compromisso, como companheiros de caminho d’Aquele que nos chama a servi-Lo em meio a tantos reinos que nos rodeiam e nos ameaçam. “O Reino de Deus está entre vós” nos diz o Senhor. Como é consolador podermos nos reafirmar nesta certeza! Caminhar sustentados por esta esperança. Cada uma de nossas comunidades é convocada, uma vez mais, a ser um espaço onde Deus possa encontrar acolhida e seu reino tenha um lar onde brilhar e dar sentido a tanto ‘sem-sentido’ de nosso tempo. Um Reino onde a juventude seja realmente protagonista e ocupe o espaço que lhe corresponde; a discriminação e o racismo não sejam realidades que ameacem e desconheçam o sentido de plenitude com que Deus criou o ser humano; onde os direitos das pessoas sejam respeitados e as comunidades constituam espaços de humanidade em meio a tanta negação às pessoas, sejam quais forem sua condição. Nossas congregações e igrejas são desafiadas a reafirmar seu compromisso e vocação no Deus que se nos revela na insensatez da cruz e a formar comunidades de fé, testemunho e serviço que celebrem com alegria esta certeza e vivam comprometidamente este chamado. Anunciadoras do Reino, lares de plenitude.
Antes de nos despedirmos queremos lembrar-lhes que este ano o CLAI celebra seus primeiros 30 anos de peregrinação ecumênica. Um aniversário que traz consigo novas possibilidades e desafios para a realização do mandato evangélico. Deste horizonte desejamos que possa ser vivido como uma nova ocasião para renovar o pacto que Deus em Cristo selou na cruz: que “sejamos um” para “que o mundo creia” (João 17, 21).
Na comunhão da fé,
Junta Diretora do Conselho Latino-americano de Igrejas
Bispo Júlio Murray
Presidente do CLAI, Panamá
Ver Felipe Adolf
Primeiro Vice-Presidente, Equador
Bispo Carlos Poma
Segundo Vice-Presidente, Bolívia
Rosilea Maria Roldi Wille
Tesoureira
Maria Armênia Yi Reyna
Secretária
Carlos Gómez (Porto Rico); Emanuel Jonatas Oliveira de Brito (Brasil); Emilio Aslla Flores (Bolívia); Eleni Rodrigues Mender Rangel (Brasil); Revda. Geovanny Santana de Matos (Rep. Dominicana); Bispo Isaias Ramos Corona (México); Rev. Juan Abelardo Schvindt (Argentina); Bispo Maurício José Araújo de Andrade (Brasil); Rosa Ester Guerra Quezada (Chile); Revda. Viviana Pinto (Argentina).
(Trad. de Zwinglio M. Dias)