A persistência da raça: ensaios antropológicos sobre o Brasil e a África austral. Peter Fry. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. 348 p.
Privilegiando a comparação contextual, Peter Fry combina a perspectiva analítica com o testemunho pessoal de uma trajetória multifacetada, em países nos quais provou vários tipos de colonialismo e variantes equivalentes de racismo (além da Inglaterra e do Brasil, a antiga Rodésia, o novo Zimbábue, Moçambique, África do Sul, Estados Unidos). O resultado é este livro, de bela harmonia, que intercala e combina temas macrossociológicos e análises de microeventos. Dividido em duas partes, uma se lê a partir da África - e reúne capítulos sobre as políticas coloniais portuguesa e britânica, o surgimento do segregacionismo inglês e a presença perturbadora do pensamento racializado autodepreciativo em uma pequena cidade de Moçambique. A outra parte se lê do Brasil, e focaliza as mudanças na "política racial", as implicações da adoção de uma taxonomia bipolar pelo Estado, o caso da "Cinderela Negra", a associação entre raça e programas de saúde, o debate sobre as "cotas raciais" e as implicações do critério de pobreza para a definição de quem pode pleiteá-las. (Trecho da orelha do livro escrito por Mariza Peirano, professora titular da UnB).
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