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Esta segunda edição de nossa revista, em seu formato digital, encerra
as atividades de comunicação de 2006 de Koinonia – Presença
Ecumênica e Serviço. “Ecumenismo e Direitos”, eixo fundamental
que sustenta e direciona a vocação singular desta Entidade Ecumênica
de Serviço é, também, o tema central deste número.
Pulsando sob o impacto das utopias transformadoras que sacudiram o mundo no século
passado o movimento ecumênico, por meio de sua expressão institucional
mais significativa – o Conselho Mundial de igrejas - realizou em l966, em
Genebra, a “Conferência sobre Igreja e Sociedade” que veio se
constituir na referência paradigmática par excellence dessa comunidade
de Igrejas na construção de modelos de ação ecumênica
que privilegiavam a defesa da dignidade da vida e a defesa e promoção
dos Direitos de todos os humanos. Há quarenta anos, portanto, o CMI, ouvindo
o clamor das populações do então chamado 3º Mundo, estabeleceu
como sua agenda e, conseqüentemente, a agenda de vida de suas igrejas-membros,
responder às demandas por justiça, paz, preservação
do meio-ambiente e defesa intransigente da dignidade da vida humana.
De lá para cá, muitas foram as mudanças de natureza econômica,
política, social e cultural experimentadas pelo mundo que afetaram, sobremaneira,
a convivência entre os humanos. As maravilhas tecnológicas, em
meio as quais vivemos hoje, principalmente as propiciadas pela parafernália
dos novos artefatos do mundo da comunicação, ao mesmo tempo em
que transformaram radicalmente o comportamento relacional dos humanos, também
trouxeram novas oportunidades para a otimização das formas de
controle social, domesticação de consciências, incremento
de novas modalidades de exploração do trabalho humano, destruição
sistemática dos recursos naturais e facilidades ainda maiores para a
imposição de padrões culturais de alguns povos sobre os
demais. O fim melancólico da experiência socialista, com o conseqüente
desterro da utopia de um mundo fraterno, e a imposição de um capitalismo
dito globalizado, que privilegia a auto-centração individualista,
despreza a alteridade e a diversidade e afirma a capacidade de consumo como
condição de cidadania se constituem, hoje, nas marcas características
e sombrias do novo século que se inicia. É neste contexto que,
evidentemente, não deixou de influenciar e, muitas vezes, conformar as
igrejas, que o movimento ecumênico está sendo chamado a relançar
sua utopia de um mundo fraterno, sem concessões nem titubeios, de modo
a ser fiel à vocação que o trouxe à existência.
Nesta edição apresentamos um relato pessoal acerca da IX Assembléia
Geral do Conselho Mundial de Igrejas, realizada em fevereiro passado em Porto
Alegre (a primeira assembléia do CMI na América Latina) acompanhado
de dois pronunciamentos oficiais dessa assembléia: um sobre “o
respeito mútuo, a responsabilidade e o diálogo com os povos de
outras religiões” e outro sobre “a situação
da América Latina”. Como ecumenismo não pode ser pensado
a não ser em termos de solidariedade apresentamos, também, um
texto que versa sobre a construção da identidade negra a partir
dos territórios negros no contexto da sociedade brasileira.
A todos nossos leitores desejamos um natal significativo, marcado por expressões
de solidariedade e muita imaginação. Que todos possamos nos embalar
utopicamente para o novo tempo que se aproxima com as palavras do poeta: “Quero
ver o mundo começar a cada primeiro de janeiro como o jardim começa
no areal pela imaginação do jardineiro!” (Carlos Drummond
de Andrade).
É isso aí!
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Publicado em: 21/12/2006 |
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