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ECUMENISMO E DIREITOS
Ano 1 - Nº 2
Dezembro de 2006
Publicação Virtual de KOINONIA (ISSN 1981-1810)
_Editorial
 
Esta segunda edição de nossa revista, em seu formato digital, encerra as atividades de comunicação de 2006 de Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço. “Ecumenismo e Direitos”, eixo fundamental que sustenta e direciona a vocação singular desta Entidade Ecumênica de Serviço é, também, o tema central deste número. Pulsando sob o impacto das utopias transformadoras que sacudiram o mundo no século passado o movimento ecumênico, por meio de sua expressão institucional mais significativa – o Conselho Mundial de igrejas - realizou em l966, em Genebra, a “Conferência sobre Igreja e Sociedade” que veio se constituir na referência paradigmática par excellence dessa comunidade de Igrejas na construção de modelos de ação ecumênica que privilegiavam a defesa da dignidade da vida e a defesa e promoção dos Direitos de todos os humanos. Há quarenta anos, portanto, o CMI, ouvindo o clamor das populações do então chamado 3º Mundo, estabeleceu como sua agenda e, conseqüentemente, a agenda de vida de suas igrejas-membros, responder às demandas por justiça, paz, preservação do meio-ambiente e defesa intransigente da dignidade da vida humana.

De lá para cá, muitas foram as mudanças de natureza econômica, política, social e cultural experimentadas pelo mundo que afetaram, sobremaneira, a convivência entre os humanos. As maravilhas tecnológicas, em meio as quais vivemos hoje, principalmente as propiciadas pela parafernália dos novos artefatos do mundo da comunicação, ao mesmo tempo em que transformaram radicalmente o comportamento relacional dos humanos, também trouxeram novas oportunidades para a otimização das formas de controle social, domesticação de consciências, incremento de novas modalidades de exploração do trabalho humano, destruição sistemática dos recursos naturais e facilidades ainda maiores para a imposição de padrões culturais de alguns povos sobre os demais. O fim melancólico da experiência socialista, com o conseqüente desterro da utopia de um mundo fraterno, e a imposição de um capitalismo dito globalizado, que privilegia a auto-centração individualista, despreza a alteridade e a diversidade e afirma a capacidade de consumo como condição de cidadania se constituem, hoje, nas marcas características e sombrias do novo século que se inicia. É neste contexto que, evidentemente, não deixou de influenciar e, muitas vezes, conformar as igrejas, que o movimento ecumênico está sendo chamado a relançar sua utopia de um mundo fraterno, sem concessões nem titubeios, de modo a ser fiel à vocação que o trouxe à existência.

Nesta edição apresentamos um relato pessoal acerca da IX Assembléia Geral do Conselho Mundial de Igrejas, realizada em fevereiro passado em Porto Alegre (a primeira assembléia do CMI na América Latina) acompanhado de dois pronunciamentos oficiais dessa assembléia: um sobre “o respeito mútuo, a responsabilidade e o diálogo com os povos de outras religiões” e outro sobre “a situação da América Latina”. Como ecumenismo não pode ser pensado a não ser em termos de solidariedade apresentamos, também, um texto que versa sobre a construção da identidade negra a partir dos territórios negros no contexto da sociedade brasileira.

A todos nossos leitores desejamos um natal significativo, marcado por expressões de solidariedade e muita imaginação. Que todos possamos nos embalar utopicamente para o novo tempo que se aproxima com as palavras do poeta: “Quero ver o mundo começar a cada primeiro de janeiro como o jardim começa no areal pela imaginação do jardineiro!” (Carlos Drummond de Andrade).
É isso aí!

 
Publicado em: 21/12/2006