No ano passado, a Justiça decidiu com firmeza: a Marcha da Maconha, organizada por movimentos clandestinos em Cuiabá, estava totalmente proibida. Ainda assim, os adeptos do movimento improvisaram, mudando o local do evento. Deu em nada do ponto de vista da mobilização. Não teve fotos e nem filmagens. Passados um ano, aquela iniciativa que pretendia rediscutir a atual política de drogas vigente no Brasil foi esquecida do ponto de vista da mobilização. Neste domingo, várias cidades tentam realizar o evento, seguindo a celebração mundial. Em Cuiabá, porém, onde o consumo é alto, ficou no “cada um na sua”. Tudo não passou, em verdade, de “fogo de palha”. Nem mesmo a promessa de não “deixar a chama se apagar” prosperou. Ao relatarem a situação resultante da reprimenda judicial, os organizadores do movimento se propuseram a escrever alguns textos de esclarecimento sobre a atual política de drogas e mostrando dados reais a nível de Cuiabá e encaminhando a Prefeitura, Câmara Municipal, Assembléia Legislativa e Governo, e convidando-os para um debate a respeito do tema. “Creio que a próxima vai estar muito mais fortalecida e com toda a certeza não teremos o impecílio da Justiça” – apostava o anônimo CuLLeR2, no fórum aberto sobre o assunto na época.
As autoridades em Cuiabá, em verdade, jogaram pesado contra o movimento. Mobilizaram em torno de 200 policiais e 50 viaturas, colocados em praças e pontos estratégicos da cidade, por determinação da juíza Maria Cristina Simões, atendendo a um pedido do Ministério Público. O malabarista de rua Daniel Coelho Góes, 22 anos, disse que participou das reuniões da marcha, mas após a decisão judicial as pessoas ficaram com medo de serem presas. As pessoas tiveram medo de participar porque poderiam ser presas como usuários de drogas ou por estarem fazendo apologia - disse Góes à época.
Para evitar a ação policial, o movimento conseguiu ainda realizar alguns extratos de manifestação. Foram para a Universidade Federal do Mato Grosso. Aproveitando o domingo sempre lotado no local por causa das práticas esportivas e também do Zoológico aberto à visitação, eles estendera faixas no local. No fórum destinado a tratar da marcha eles se disseram satisfeitos com os resultados.
Neste domingo, a Marcha da Maconha deve ocorrer em Florianópolis (SC) e em Recife (PE). Em Florianópolis, a Marcha está marcada para as 15h, na avenida Beira Mar Norte. Já no Recife, o evento está agendado para as 14h partindo na rua do Apolo. Os horários são de Brasília. Em ao menos duas das cidades onde a Marcha foi proibida - Salvador e João Pessoa - os organizadores remarcaram o protesto para o dia 31 de maio e entraram com recurso. Já em São Paulo, a organização do evento tentou reverter a decisão, mas não obtiveram sucesso até a noite de sábado.
Mesmo com a proibição, manifestantes de São Paulo pretendem se reunir no parque do Ibirapuera, às 14h deste domingo para anunciar a nova data do evento.
As manifestações foram proibidas pela Justiça depois de as Promotorias entrarem com ações para impedir a marcha. Ambas alegaram que os protestos fazem apologia ao uso de drogas e que é organizado por um site clandestino, com hospedagem fora do Brasil.
A organização do evento nega a apologia ao uso de drogas, e afirma, em seu site, que a manifestação tem como objetivo possibilitar que todos os cidadãos brasileiros possam se manifestar de forma livre e democrática a respeito das políticas e leis sobre drogas do país.
No próximo sábado (9), o evento deve ocorrer em outras sete cidades: Americana (SP), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ).
No ano passado, o Ministério Público também conseguiu suspender a realização da Marcha da Maconha, com mandado de segurança depois que o pedido foi negado pela juíza de primeira instância.
A Marcha Global da Maconha é um conjunto de eventos que ocorre anualmente em diversos locais do mundo. Ela se trata dos eventos relacionados à maconha que ocorre no primeiro domingo de maio. Marchas, reuniões, caminhadas, reuniões, concertos, festivais, mesas de debates, entre outros. Ela começou em 1999. Mais de 485 cidades no participam desde então “Global Marijuana March” Existem nomes locais para o evento também. Como: Dia Mundial da Maconha, Dia da Liberação da Maconha, Ganja Day, J Day, Marcha da Maconha. Seus organizadores argumentam que a Maconha é um estilo de vida.