O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve reconhecer os usos tradicionais da folha de coca, porque não são todas as produções que se tornam cocaína, disse o presidente da Bolívia, Evo Morales, nesta quarta-feira.Morales, um antigo líder cocaleiro, também pediu aos participantes de um encontro de política antidrogas nas Nações Unidas, em Viena, para suspender a proibição do uso da coca em algumas condições.
Meu principal objetivo (em vir aqui) é defender a coca, brigar pela coca, disse Morales em uma coletiva de imprensa. A Bolívia é a terceira maior produtora de cocaína do mundo, atrás da Colômbia e do Peru.
A coca, que é o produto bruto da cocaína, é usada por milhões de pessoas na Bolívia e no vizinho Peru para combater os sintomas causados pela altitude e abrandar a fome. Em sua forma natural, a folha também é usada em chás, na cozinha e para cerimônias religiosas.
Nós esperamos o apoio do presidente Obama para a descriminalização da coca, disse Morales, acrescentando que a Bolívia está comprometida a combater a cocaína e outras drogas.
O novo presidente dos Estados Unidos possui muitas semelhanças comigo, afirmou ele, adicionando que espera que Obama possa ajudar em seus longos anos de campanha pela coca pelo que eles possuem em comum.
Antes, ninguém acreditava que um índio pudesse ser presidente e ninguém imaginava que um homem negro pudesse ser presidente dos Estados Unidos, disse Morales.
Evo Morales, que proibiu agentes antidrogas dos Estados Unidos de trabalhar na Bolívia, declarou que seu país pode combater o tráfico de cocaína sozinho.
Em novembro, ele determinou que a agência antidrogas norte-americana DEA parasse seu trabalho na Bolívia, depois de acusar a instituição de espionagem e de conspirar para seu declínio.
Um relatório do Departamento de Estado dos EUA informou em fevereiro que a produção boliviana de cocaína cresceu muito rápido no último ano devido ao cultivo maior e aos métodos eficientes de produção.