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Lula volta a defender produção do etanol a partir da cana
Por: O Globo On line em 26/05/2008
Data: 09/05/2008


RIO - Em um momento de turbulência no setor ambiental brasileiro e de questionamento internacional a respeito dos biocombustíveis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de frisar hoje a posição do país em prol do desenvolvimento do etanol a partir da cana-de-açúcar. Ao mesmo tempo, afirmou que a Amazônia tem dono e que o país precisa de projetos de desenvolvimento para a região, de forma a suprir as necessidades dos habitantes locais.

 Lula, que discursou na abertura do 20º Fórum Nacional, que ocorre na sede do BNDES, lembrou que os países desenvolvidos, responsáveis, segundo ele, por 70% da poluição mundial, agora ficam de olho na Amazônia. A Amazônia brasileira tem dono e o dono é o povo brasileiro. São os índios, os pescadores, os seringueiros. Temos consciência de que precisamos reduzir as queimadas, mas temos também que desenvolver a Amazônia para que essas pessoas não fiquem segregadas , disse o presidente.

Lula alfinetou o governo norte-americano, ao afirmar que o protocolo de Quioto já faliu . De acordo com o presidente, a aprovação do protocolo foi bonita, mas na hora de se tomar as medidas práticas, nem todos os países referendaram. Lula lembrou que o Brasil não apenas referendou o protocolo como, por meio da geração de energia a partir de fontes renováveis, deixou de jogar na atmosfera 800 milhões de toneladas de dióxido do carbono.

Pelo etanol brasileiro, o presidente voltou a bater na tecla - em posição já defendida durante o lançamento da política industrial - de que o país não vai abrir mão do desenvolvimento de seu projeto de álcool a partir da cana-de-açúcar. Vamos convencer o mundo de que o etanol pode reduzir a dependência dos combustíveis fósseis , afirmou Lula, acrescentando que o álcool brasileiro já provou ser competitivo em custo e produtividade e que o Brasil vai enfrentar preconceitos arraigados e lobbies poderosíssimos para fazer valer seu projeto de etanol.

Lula lembrou ainda que irá participar na semana que vem de um encontro na FAO (órgão nas Nações Unidas para agricultura e alimentação), onde irá defender o ponto de vista do governo brasileiro a respeito da possibilidade de se produzir, simultaneamente, alimentos e etanol a partir da cana.

O presidente aproveitou para criticar a oposição em relação à extinção da CPMF. Lula disse que foram tirados R$ 40 milhões dos recursos previstos para a Saúde e que, até agora, não viu nenhum produto reduzir de preço em razão do fim do tributo.