O crescimento na produção de coca nos países andinos, apontado nesta quinta-feira (19) pelo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), preocupa o governo brasileiro. A afirmação é do secretário nacional de Políticas sobre Drogas, general Paulo Roberto Uchôa.

O militar lembrou que o Brasil possui mais de nove mil quilômetros de fronteira com os países da América do Sul, o que facilita a ação de traficantes em território brasileiro. “Esse aumento na produção da folha de coca é muito prejudicial para nós. Nós fazemos fronteira com os três maiores produtores do mundo, que são a Colômbia, o Peru e a Bolívia. Então, isso realmente nos preocupa, porque a fronteira é muito extensa e difícil de ser patrulhada”, afirmou o general.

Para ilustrar a dimensão do problema, Uchôa comparou a fronteira do Brasil com os países sul-americanos com a fronteira dos Estados Unidos com o México, por onde é feita a imigração ilegal: “Lá, são pouco mais de dois mil quilômetros e os Estados Unidos não sabem como resolver o problema”.

Segundo ele, o destino da maior parte da droga que atravessa o Brasil é a Europa, com rotas alternativas via África. “Embora não produza drogas, o Brasil, como país de trânsito, se presta ao traficante para suas rotas”, disse.

Segundo o relatório da ONU, a área plantada com coca aumentou 16% em 2007, comparado ao ano anterior. O total chegou a 181,6 mil hectares, uma área superior à da cidade de São Paulo. Os três países andinos são responsáveis, segundo o documento, por praticamente 100% da cocaína produzida no mundo, chegando a 994 toneladas. Só a Colômbia responde por 600 toneladas, seguida pelo Peru, com 290 toneladas, e a Bolívia, 104 toneladas.