Diminuição de mortes no campo não implica em redução da violência
Por: Juliano Domingues para a Radioagência NP Data: 01/04/2008
“A diminuição do número de mortos em conflitos no campo não significa que a violência no meio rural tenha diminuído”. A afirmação foi feita pelo integrante da coordenação nacional da CPT, José Batista Afonso, em relação aos números divulgados pela Ouvidoria Agrária Nacional - órgão ligado ao governo. De acordo com a Ouvidoria, depois que o Plano Nacional de Combate à Violência no Campo entrou em vigor, o número de mortes resultantes de conflitos agrários registradas em 2007, comparado a 2006, teria caído de 16 para nove. Um relatório da CPT mostra que o número de assassinatos diminui de 30 para 19.
De acordo com Batista, os dados são contraditórios porque as metodologias utilizadas entre os dois órgãos são diferentes. No entanto, Batista afirma que outros tipos de violência devem ser considerados, como por exemplo “o trabalho escravo, que está relacionado principalmente com a monocultura da cana-de-açúcar para a produção de etanol”.
Outros dados provam que a violência não diminuiu. A CPT mostra que o número de famílias que vivem no campo e que foram expulsas pelo poder privado aumentou 100% no mesmo período . Em 2007, quase três mil famílias foram expulsas de suas propriedades.
Segundo a CPT, isto mostra que ao contrário do que órgãos do governo propagam, o poder dos grandes proprietários de terras que estão ligados às empresas transnacionais, aumentou.
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