Depois de velório de líder sem-terra, MST invade fazenda no PR
Por: José Maschio no Jornal Folha de São Paulo Data: 30/04/2008
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu hoje a fazenda Copramil, em Ortigueira (região central do Paraná), cuja posse é reivindicada pelo suposto mandante do assassinato do líder sem-terra Eli Dallemole, 42, ocorrido na noite de domingo.
Segundo a coordenação do MST no Paraná, a ação é uma resposta do movimento ao assassinato. Dallemole, da direção estadual do MST no Paraná, foi assassinado em sua casa, no assentamento Libertação Camponesa, em Ortigueira, por dois homens encapuzados.
Na manhã de ontem, o Cope (Centro de Operações Policiais Especiais), órgão da Polícia Civil do Paraná, prendeu cinco homens sob acusação de envolvimento com o crime.
Entre eles, estava o advogado e presidente do Sindicato dos Comerciários de Cornélio Procópio (325 km ao norte de Curitiba), Adilson Honório de Carvalho, 35, apontado como o mandante do crime.
Hoje pela manhã, um grupo de aproximadamente 500 sem-terra, de várias regiões do Paraná, acompanharam o enterro do corpo de Eli Dallemole em Tamarana, município vizinho a Ortigueira. De lá, os sem-terra, em oito ônibus, dirigiram-se à fazenda Copramil e montaram barracas no local.
A ocupação é um resposta rápida aos assassinos de Eli Dallemole e vamos transformar essa fazenda no assentamento Eli Dallemole, disse Ângela Paschoal Costa, 33, da coordenação do MST no Paraná.
Disputada desde 2006 pelo MST e por Adilson Honório de Carvalho, que reivindica a sua posse, a fazenda Copramil, de 360 hectares, foi pivô do assassinato. No último dia 8, um grupo armado expulsou os sem-terra da fazenda.
No final da tarde de hoje, a delegada especial do Cope, Vanessa Alice, esperava pela advogada Silvana Aparecida Pedroso, do escritório Viana Advocacia, de Londrina (PR), para iniciar o interrogatório de Carvalho, que é mantido preso em Telêmaco Borba (PR).
O advogado titular do escritório, Antônio Carlos de Andrade Viana, estava em Curitiba. Procurado por meio de seu escritório, ficou de ligar de volta para reportagem --a informação no escritório é que só ele falaria sobre o caso. Até o fechamento dessa edição, Viana não havia ligado de volta.
A delegada disse que investiga os cinco presos desde 14 de fevereiro, quando Eli Dallemole recebeu ameaças de morte. Além de Carvalho, apontado como mandante, estão presos Genivaldo Carlos de Feitas, 32, o Jango, José Moacir Cordeiro, 35, Odenir Souza Matos, 34, o Zezinho, e Valderi Aparecido Ortiz, 27, o Coquinho.
Ortiz e Matos foram reconhecidos por Liane Zelir Dallemole, 38, mulher do líder sem-terra, como os homens que atiraram em seu marido. Até o final da tarde de hoje, os quatro não haviam sido representados por advogados.
O Sindicato dos Comerciários de Cornélio Procópio não se pronunciou sobre a prisão de seu presidente.
Na casa de Adilson Honório de Carvalho, sua irmã, Silvana Honório de Carvalho, disse que seu irmão estava foragido, e não preso. Primeiro ela apresentou a versão de que Carvalho estava viajando. Ao ser informada pela reportagem de que ele estava preso em Telêmaco Borba, ela afirmou duvidar. Ele está foragido, esperando passar o prazo de 48 horas para fugir do flagrante e se apresentar. É mentira que ele esteja preso, disse.
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