Salvador: projeto Axé com Arte inaugura novo ciclo de oficinas nos terreiros parceiros21/05/2015 |
O mês de maio marca uma nova etapa do projeto Axé com Arte. O trabalho, que se diversifica com novas formações em alguns terreiros, é também ampliado com a entrada de casas que ainda não faziam parte. Um desses novos integrantes é o Ilê Axé Alafumbi, que inicia em maio suas atividades de formação e estímulo para a geração de renda e fortalecimento no campo dos direitos na comunidade. Jurema Aparecida da Silva, Iyá Kererê (ou mãe pequena) do terreiro - que tem entre suas funções rituais na casa acompanhar os filhos de santo na iniciação - conta um pouco do que o Alafumbi preparou. “A nova oficina é de confecção de bijuterias e é voltada basicamente para mulheres que vivem na comunidade em que o terreiros está. Mal abrimos as inscrições, já contávamos com umas 20 inscritas. Elas são de várias religiões, inclusive evangélicas”, lembra. Jurema destaca ainda a importância de um processo de formação que junta pessoas de diferentes tradições para quebrar com o clima de intolerância. “Vai acabando com a visão preconceituosa que algumas pessoas têm de nossa religião”, diz. O terreiro da Casa Branca, que já fazia parte do projeto, reabre suas portas para uma nova formação. Substituindo a oficina “Berimbau um instrumento ancestral” - que envolvia construção e contação da história do instrumento -, passa a ser oferecida a oficina chamada de “Ohum Onán” de produção de ferramentas e adereços usados pelos Orixás em rituais religiosos. Paula Castro, articuladora da formação local, contou que muito da mobilização da comunidade para participar do curso se deu por meio das redes sociais. O resultado do trabalho com certeza valoriza ainda mais a estética negra. Vamos fabricar instrumentos identificados com 16 Orixás, além de outras entidades que fazem parte de nossa tradição. Isso quer dizer que podemos explorar não só várias formas, mas também aprender várias técnicas para trabalhar com uma série de materiais”, ressalta. Outro dos terreiros que participou do primeiro ciclo de oficinas e agora inicia outro é o São Roque. A nova oficina, que ensina o raro e tradicional bordado Barafunda, já conta com mais de 20 mulheres inscritas. Devalmir Calazans, articulador local do São Roque, lembra que a formação em direitos deverá abordar além dos temas intolerância religiosa e racismo institucional, a questão da violência contra a mulher negra. “Estamos ainda na segunda semana das oficinas. Houve, então, só um encontro de acolhimento, mas a primeira impressão é de que a demanda mais urgente é reconhecer e encontrar formas de abordar as situações de violência testemunhadas ou vivenciadas por estas mulheres”, observa. Todas as formações do projeto além das ações de inclusão produtiva e geração de renda promovem debates e atividades que visam a ampliação do repertório das/os frequentadoras/es das oficinas ligados aos seus direitos (conhecer leis, mecanismos de defesa e proteção etc.). Cada casa escolhe as temáticas em que quer se aprofundar, dependendo das necessidades dos diferentes contextos locais. Entre os temas mais discutidos, além da intolerância religiosa e violência contra a mulher, está o racismo ambiental. |
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