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Kwe Vodun Zo dá entrada em processo de tombamento

KWE VODUN ZÓ

O terreiro Vodun Zó assinou com a prefeitura de Salvador o termo de abertura de seu processo de tombamento. Localizada na Rua Direita, no bairro da Liberdade, a casa - uma das remanescentes da tradição Jêje Savalu -, tem resistido historicamente a uma série de processos que ameaçam a sua existência. 

Problemas como especulação imobiliária, invasão do terreno, derrubada de árvores sagradas, dificuldade de manutenção das instalações físicas e depredação da fonte Aziri Tobosi (onde são realizados ritos desta nação) podem acabar determinando a extinção de práticas de culto aos Voduns - como são chamadas divindades dessa tradição.

Segundo Leonel Monteiro, Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (Afa), neste momento, além da preservação da memória das tradições afro-brasileiras, o tombamento também ganha um caráter de luta contra a intolerância. “A intolerância se processa de várias formas. Uma das formas de combatê-la e a manutenção física dos espaços sagrados ligados às religiões de matriz africana, assegurando principalmente a existência de sua área verde que em geral sofre agressiva redução no caso dos terreiros urbanos”, destaca.

Leonel, responsável pela articulação do início do processo de tombamento, lembra também que a marginalização histórica dos terreiros acabou deixando esses espaços em situação de insegurança jurídica (muitos até hoje não têm título de propriedade). Assim, é comum que essas áreas fiquem expostas aos mesmos problemas enfrentados pelo Vodun Zó.

O terreiro já chegou a ter 11.000 m² de área e hoje tem pouco mais de 2.000 m². Isso se deve principalmente à especulação imobiliária na Liberdade. O Kwe Vodun Zó é o mais importante da tradição Vodun Savalu, a qual necessita de áreas grandes para o culto. Por isso, se o terreno for reduzido ainda mais, uma série de ritos acabará inviabilizada.

O espaço da casa também é utilizado para atividades socioculturais voltadas tanto para os filhos de santo quanto para sua comunidade. O Vodun Zó foi o primeiro terreiro a implantar o vestibular social do FIES. A prova aplicada no espaço sagrado permitiu que, a partir dessa experiência, mais de 500 pessoas ligadas às religiões de matriz africana entrassem na universidade.