Axé com Arte
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Bordado barafunda é tema de oficina no Ilê Axé Opô Afonjá

ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÀ

KOINONIA/Salvador - 31/08/2014

Até o ano de 2016, KOINONIA, em parceria com terreiros de candomblé da Região Metropolitana de Salvador, desenvolve o projeto Axé com Arte. Apoiada pela Petrobras, a iniciativa tem como objetivo ampliar o acesso de integrantes de casas religiosas de matriz africana da cidade - em especial jovens -, a oportunidades de trabalho, melhoria de renda e a formas de defesa e expansão de seus direitos.

Os terreiros contam com oficinas regulares de práticas produtivas (corte e costura de trajes de cultos; música/toques de atabaques; bordados afro; e culinária afro-brasileira), formação sobre oportunidades para a produção tradicional e direitos humanos, sempre adaptadas às experiências e saberes de cada comunidade.

Em uma das casas mais tradicionais de Salvador, o Ilê Axé Opô Afonjá, a opção foi por aprender a confeccionar tecidos com o bordado barafunda. A técnica tradicional, atribuída aos escravos, foi aprendida após um trabalho de resgate histórico feito por filhos de santo da casa e hoje é ensinada nas oficinas do projeto Axé com Arte.

Nascida e criada na comunidade, Vanísia Bonfim Cardoso, 41, se diz surpresa com tudo o que tem aprendido. “Eu realmente não esperava aprender tanto sobre direitos e certas questões que normalmente não temos oportunidade para debater. Em muitos temas acho que somos leigas, mas sempre temos opinião para dar porque acontecem com a gente”, observa bem humorada.

A professora de Barafunda e ebômi (quem cumpre os sete anos de obrigação no Candomblé) da casa, Fernanda Teixeira, explica que não há separação entre a formação sobre direitos e aula de bordado. Entre um ponto e outro, o próprio diálogo sobre o cotidiano faz com que surja a demanda por informações sobre o assunto. Fernanda explica que as alunas conhecem muito bem os temas mais consagrados do campo dos direitos, mas os nomeiam a partir de repertórios próprios. O desafio é justamente ampliar tais repertórios.
“O projeto está sendo importante, principalmente para discutir intolerância, racismo, desigualdade de gênero e homofobia. As alunas conhecem tudo, mas não por esses termos. A formação sempre tem como base a experiência delas – o que leva em conta até mesmo polêmicas da ficção televisiva. Não é de surpreender que quando a turma avaliou as oficinas, ela não colocou o bordado como o aprendizado mais importante e sim a troca de informações, o diálogo”, comenta a professora.




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